sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Modo Correto de Compressão Mamária em FTMs



     Na minha última temporada na Europa, tive uma longa conversa em Lisboa com um dos meus grandes mestres na arte da cirurgia plástica, o Dr. João Lúcio Ferreira, ele me demonstrou o que eu já desconfiava, em suas observações de inúmeros casos, constatou que a compressão mamária equivocada pode prejudicar o resultado da cirurgia.
     É normal que a maioria dos transexuais FTMs comprimam suas mamas femininas com faixas ou "binders". Em muitos essa compressão começa desde o inicio do desenvolvimento mamário e o objetivo é obter um tórax com aparência masculina por disfarçar o volume mamário. É uma prática constante e sem contra indicações para a saúde. Contudo, as consequências de uma compressão errada irão provocar a necessidade de cicatrizes maiores na futura Cirurgia de Mamoplastia Masculinizadora.
     Aproveito para esclarecer que o termo Mastectomia não se aplica a necessidade dos transexuais FTM. Tal termo significa a amputação cirúrgica da mama, que pode ser parcial ou total e é realizada em mamas masculinas ou femininas como forma de tratamento para determinadas doenças. A cirurgia plástico reconstrutiva que transforma a mama feminina em uma mama masculina deve carregar o termo Mamoplastia, pois tal termo é traduzido como plástica mamária e complementado com Masculinizadora, que é o objetivo da cirurgia, ou seja, a readequação da quantidade de todos os diferentes tecidos que compõe a mama feminina para ao final serem proporcionais em quantidade e forma aos tecidos que compõe a mama masculina. 
     Agora, vejamos o que pode acontecer quando as mamas são médias ou pequenas. Uma compressão no sentido perpendicular à base da mama mantendo o mamilo centrado com a mama é a correta. Pode não parecer tão eficiente e ser mais complicado de fazer mas é de fato muito vantajosa para a futura cirurgia.
Quando a compressão é bem feita e a mama pequena ou média a única complicação é para o cirurgião. Nessas mamas, normalmente não há pele sobrando e portanto podemos fazer a cirurgia por via periareolar ou transareolar não ficando cicatrizes visíveis. A complicação para o cirurgião está no fato de que a glândula é obrigada a crescer para os lados em vez de se projetar para a frente, dando assim muito mais trabalho ao cirurgião. Contudo a cicatriz resultante da cirurgia é muito mais discreta. 
     Quando a compressão não é bem feita o problema é maior para o paciente do que para o cirurgião. De fato na tentativa de esconder as mamas o comum é fazer uma compressão de cima para baixo e com isso provocar um estiramento da pele que está do mamilo para cima criando mamas em forma de saco de café. Na verdade a glândula não é volumosa, mas nestes casos foi criado um excesso de pele pela compressão equivocada que obriga à criação de cicatrizes grandes. Para retirar a pele que está em excesso e é resultou da compressão mal feita o cirurgião não tem alternativas, tem que criar cicatrizes grandes.
     Como se não bastasse, o uso da Testosterona acelera esse processo quando é iniciada em mamas que já vem sendo comprimidas de forma errada. Quando a compressão é correta o grau de atrofia gerado pela Testosterona é benéfico. Vale ressaltar que o uso de hormônios deve ser acompanhado sempre por um médico.
     A gravura abaixo representa um paciente a compressão foi de cima para baixo e que obrigou o cirurgião a retirar uma grande quantidade de pele. Uma compressão correta te possibilitará um resultado mais natural no futuro, lembre disso!