segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Câncer de Mama no Homem Transexual (FTM)

     Até o momento não existem estudos de longo prazo sobre o risco de câncer de mama em homens FTM (Female to Male). O que é recomendado segundo a Dra. Jamie Feldman, especialista em Medicina Transexual da Universidade de Ilinois, está resumido abaixo.
     Com relação ao câncer de mama os homens FTM são divididos em dois grupos. O primeiro grupo engloba os pacientes que não foram submetidos à cirurgia de masculinização do tórax em uso ou não de testosterona e o segundo grupo engloba os pacientes submetidos à masculinização do tórax em uso ou não de testosterona. Ou seja, com relação ao câncer de mama, as evidências atuais apontam que a cirurgia é importante na redução do risco e o uso ou não de testosterona não influencia no risco.
     No primeiro grupo, não foi observado evidência de aumento do risco de câncer de mama quando comparados homens FTM e mulheres biológicas. Essas observações são de estudos realizados nos EUA. Em um deles, o Dr. Dimitrakakis tratou 508 mulheres na menopausa e observou que o uso de testosterona não aumentou e inclusive poderia diminuir o risco de câncer de mama relacionado a reposição hormonal de estrogênio na pós-menopausa. Outros estudos demonstraram um discreto aumento ou discreta diminuição no risco de câncer de mama. Assim, não existe evidência concreta de aumento de risco para homens FTM antes da masculinização de tórax em uso ou não de testosterona e a recomendação é que seja seguido os protocolos de rastreio de câncer de mama idênticos aos das mulheres biológicas.
     No segundo grupo, os homens FTM que foram submetidos a qualquer uma das técnicas de masculinização de tórax, chamada por muitos de mastectomia, permanecem com alguma quantidade de tecido mamário para a obtenção de um resultado cosmético mais natural. Essa quantidade de glândula mamária residual é equivalente ao tamanho da glândula mamária masculina e está situada predominantemente atrás da aréola e dentro da papila (mamilo). Se for retirada resultará num aspecto de afundamento desse local. Muitos estudos em mulheres biológicas submetidas à mamoplastia redutora observaram a redução do risco de câncer de mama proporcional a quantidade de glândula mamária removida.
     A incidência de câncer de mama em homens biológicos é 1/100 da incidência em mulheres biológicas. Entretanto, o risco de câncer de mama entre homens com síndrome de Klinefelter é cinquenta vezes maior do que nos homens biológicos. Homens com síndrome de Klinefelter possuem cromossomos XXY, testosterona menor que de homens biológicos, estrogênio e gonadotrofinas maiores do que homens biológicos e ginecomastia.
     Posto isso, homens FTM possuem algumas características semelhantes aos homens Klinefelter e isto tem sugerido um risco maior de câncer de mama em homens FTM quando comparados a homens biológicos. Assim, é recomendado exames anuais do tórax e axilas devido ao pequeno, contudo ainda possível, risco de câncer de mama nos homens FTM submetidos à cirurgia de masculinização do tórax.