Na
minha última temporada na Europa, tive uma longa conversa em Lisboa com um dos
meus grandes mestres na arte da cirurgia plástica, o Dr. João Lúcio
Ferreira, ele me demonstrou o que eu já desconfiava, em
suas observações de inúmeros casos, constatou que a compressão
mamária equivocada pode prejudicar o resultado da cirurgia.
É
normal que a maioria dos transexuais FTMs comprimam suas mamas
femininas com faixas ou "binders". Em muitos essa
compressão começa desde o inicio do desenvolvimento mamário e o
objetivo é obter um tórax com aparência masculina por disfarçar o
volume mamário. É uma prática constante e sem contra indicações
para a saúde. Contudo, as consequências de uma compressão errada
irão provocar a necessidade de cicatrizes maiores na futura Cirurgia
de Mamoplastia Masculinizadora.
Aproveito
para esclarecer que o termo Mastectomia não se aplica a necessidade
dos transexuais FTM. Tal termo significa a amputação cirúrgica da
mama, que pode ser parcial ou total e é realizada em mamas
masculinas ou femininas como forma de tratamento para determinadas
doenças. A cirurgia plástico reconstrutiva que transforma a mama
feminina em uma mama masculina deve carregar o termo Mamoplastia,
pois tal termo é traduzido como plástica mamária e complementado
com Masculinizadora, que é o objetivo da cirurgia, ou seja, a
readequação da quantidade de todos os diferentes tecidos que compõe
a mama feminina para ao final serem proporcionais em quantidade e
forma aos tecidos que compõe a mama masculina.
Agora,
vejamos o que pode acontecer quando as mamas são médias ou
pequenas. Uma compressão no sentido perpendicular à base da
mama mantendo o mamilo centrado com a mama é a correta. Pode não
parecer tão eficiente e ser mais complicado de fazer mas é de fato
muito vantajosa para a futura cirurgia.
Quando
a compressão é bem feita e a mama pequena ou média a única
complicação é para o cirurgião. Nessas mamas, normalmente
não há pele sobrando e portanto podemos fazer a cirurgia por via
periareolar ou transareolar não ficando cicatrizes visíveis. A
complicação para o cirurgião está no fato de que a glândula é
obrigada a crescer para os lados em vez de se projetar para a frente,
dando assim muito mais trabalho ao cirurgião. Contudo a cicatriz
resultante da cirurgia é muito mais discreta.
Quando
a compressão não é bem feita o problema é maior para o paciente
do que para o cirurgião. De fato na tentativa de esconder as
mamas o comum é fazer uma compressão de cima para baixo e com isso
provocar um estiramento da pele que está do mamilo para cima criando
mamas em forma de saco de café. Na verdade a glândula não é
volumosa, mas nestes casos foi criado um excesso de pele pela
compressão equivocada que obriga à criação de cicatrizes grandes.
Para retirar a pele que está em excesso e é resultou da compressão
mal feita o cirurgião não tem alternativas, tem que criar
cicatrizes grandes.
Como
se não bastasse, o uso da Testosterona acelera esse processo quando
é iniciada em mamas que já vem sendo comprimidas de forma errada.
Quando a compressão é correta o grau de atrofia gerado pela
Testosterona é benéfico. Vale ressaltar que o uso de hormônios
deve ser acompanhado sempre por um médico.
A
gravura abaixo representa um paciente a compressão foi de cima para
baixo e que obrigou o cirurgião a retirar uma grande quantidade de
pele. Uma
compressão correta te possibilitará um resultado mais natural no
futuro, lembre disso!